quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amar?

O que significa amar verdadeiramente uma pessoa?
Houve um tempo em que eu achava saber a resposta: significa que eu iria pensar nela mais do que em mim mesmo, e passaríamos o resto de nossas vidas juntos. Não seria difícil. Casamento, família... o básico. Isso significa que eu teria um emprego estável, uma casa com cerca branca e uma minivan ou SUV grande o suficiente para levar nossos filhos à escola, ao dentista, ao treino de futebol... Dois ou três filhos – ele nunca foi claro a respeito, mas meu palpite é que quando chegasse a hora, ele deixaria a natureza seguir seu curso e Deus tomar a decisão.
Suponho que esse tenha sido um dos motivos pelos quais me apaixonei por ele. Independentemente do que acontecesse em nossas vidas, eu me imaginava ao fim do dia deitada na cama ao lado dele, nós dois abraçados enquanto conversávamos e ríamos, perdidos nos braços um do outro. Não parece tão absurdo, certo? Quando duas pessoas se amam? Foi também o que pensei. E, enquanto uma parte de mim ainda quer acreditar que isso seja possível, sei que não vai acontecer. Quando eu for embora de novo, nunca mais vou voltar. Parte de mim dói ao pensar que ele está tão perto e eu não posso tocá-lo, mas nossas histórias seguiram caminhos diferentes. Não foi fácil aceitar essa verdade simples, pois houve um tempo em que nossas histórias eram uma só, mas isso aconteceu seis anos e duas vidas atrás. Nós dois temos lembranças, é claro, mas aprendi que as memórias podem ter uma presença física, quase viva, e nisso ele e eu também somos diferentes. Enquanto as minhas lembranças são estrelas no céu noturno, as dele compõem o assombrado espaço vazio entre elas. E, ao contrário dele, sinto o peso de perguntas que já me fiz mil vezes desde nosso último encontro. Por que fiz aquilo? Faria tudo de novo? Mas eu o conheci; e é isso que torna minha vida atual tão estranha. Eu me apaixonei por ele enquanto estávamos juntos, e me apaixonei ainda mais nos anos em que ficamos separados. Nossa história tem três partes: um começo, um meio e um fim. Embora seja assim que todas as histórias se desenrolam, ainda não consigo acreditar que a nossa não durará para sempre. Reflito sobre essas coisas, e como sempre, nosso tempo juntos retorna à minha mente. Relembro como tudo começou, pois agora essas memórias são tudo o que me resta.

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